junho 22, 2007

FutMedia: Filhos da PIDE para todos os gostos...

O sr. Pinto da Costa, após mais um dos longos silêncios a que se julgou obrigado tendo em conta as suas divergências, digamos assim, com a Justiça, deu uma longa entrevista que ocupou duas edições do diário “Público”.
Na sua longa palinódia, e além do já conhecido exercício de autovitimização, o sr. Pinto da Costa anuncia que fez uma queixa contra a minha modesta pessoa. A uma pergunta sobre a acção que lhe moveu Alexandre Magalhães (notável portista, sócio, accionista e ex-vice-presidente do FC Porto), acusando-o de se ter apropinquado com chorudas mas indevidas gratificações como administrador da SAD/FCP, diz Pinto da Costa: “A propósito, hoje recebi dos tribunais a comunicação de que o Ministério Público (MP) acompanha a minha queixa contra o senhor Rui Cartaxana por ele ter escrito que eu ganhava 60 mil euros, ou coisa no género, por mês.”
Esta falta de precisão sobre os limites do gravíssimo crime de que me acusava deu-me logo um certo sossego. Cheguei a pensar que o homem ganhava mais do que eu dissera e ele se sentira ofendido por isso. E fiquei a pensar nos motivos que levaram o “ofendido” a ameaçar-me com mais uma acção judicial se, enquanto director do “Record”, ele me moveu dez ou 12, sem nunca ter conseguido que os tribunais me condenassem.
Mas, a ser verdade o que diz, fez-me espécie este zelo acompanhante do MP, numa queixa que é, no mínimo, risível. O meu espanto vem do facto de o sr. Pinto da Costa, na mesma entrevista, acusar o MP de persegui-lo, sem motivo, a ele e ao FC Porto, e lembrei-me do que li nos jornais (vem, aliás, num dos seus livros) sobre o que pensa do MP: “Não estou para viver mais num país onde a revolução de Abril acabou com a PIDE, para agora a ver substituída pelo Ministério Público!” É que das duas, uma: ou o MP o persegue, e é masoquista e gosta de ser insultado e comparado à PIDE/DGS, ou, como todos cremos, não o persegue e V. Exa. mente e insulta um órgão superior da Magistratura do Estado quando diz que o MP o persegue. E isso, sim, é um crime grave.
Rui Cartaxana, Jornalista

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