janeiro 21, 2004

FUTBOLAS-9


Já não bastavam todas as outras contrariedades, e vejam lá que o MestreDaRede tinha de se meter noutra sarrabulhada. Por obrigação profissional, foi designado para desempenho de funções numa partida de futebol a disputar quase à porta fechada, respeitante a uma prova secundária da realidade competitiva nacional. Nada que se compare com a intensidade dos desafios dos SUPER8.
O palco é grande, mas parece um museu de cadeiras, ainda para mais hora e meia antes do espectáculo ter início, altura em que o vosso MdR ocupou a sua posição de uma combate para uma tarde que, noutros tempos, e a um domingo, até poderia ser considerada de festa. O que não estava no programa era a batida de discoteca com que os responsáveis pela "animação" decidiram presentear as poucas dezenas de sofredores que, pelos mais variados motivos, chegaram cedo às Antas, esse dinossauro mítico que teima em deixar-se extinguir, nem que seja à custa de alguma divina praga lançada sobre o relvado do seu jovem e pujante substituto, lamentavelmente frio e pouco acolhedor.
Altivamente erguido a escassas centenas de metros, no Estádio do Dragão os amantes dos decibéis acabarão por também fazer das suas, nem que seja à custa das poucas dezenas de reformados que madrugam na entrada para as bancadas. A minha cabeça já está a dar horas, e ainda falta pouco menos de uma hora para os "coitados" do Vilafraquense se submeterem ao sacríficio de tombarem perante a chama do dragão, potenciada por mais um "incendiário" de luxo, como é o Sérgio Conceição. O Joaquim Vieira, da Rádio Renascença, diz-me aqui ao lado que hoje "vamos cortar duas orelhas e três rabos...", certamente numa alusão à tradição taurina dos ribatejanos, mas também em nova demonstração de "camaleonite", doença incúravel neste "cromo" do jornalismo radiofónico nacional, representante de uma "escola" que, no final de contas, ainda nos vai deixar saudades.
"Aqui, onde a Renascença tem muitos e bons amigos", vou continuando a levar com ritmos dignos de um qualquer "after hours". Mas ninguém lhes disse que ainda estamos no "before hours"? Que raio, nem sequer trouxe roupa a condizer para impressionar as meninas do protocolo do FC Porto. Nada a fazer. Tão cedo não me queixo do "mar enrola na areia" com que era fatalmente presenteado na Póvoa do Varzim através dos altifalantes de feira que lá estavam instalados, no final de cada jogo, quando maior concentração, silêncio e paz de espírito é necessária para cumprirmos a nossa função. Uma cruel vingança dos "polacos" contra quem tanto torce pelo Rio Ave...
Como comecei este post abordando a promiscuidade entre a música de discoteca e o futebol (olha, vem ali, ao fundo, o nosso muito considerado Filipe Caetano...), não queria terminar deixando no ar a ideia de que estava, subrepticiamente, a fazer alusão às sucessivas investidas nocturnas de vários elementos de uma equipa que domina o panorama competitivo português. São muito CHIC's, os meninos. Mas exceptuando alguns excessos de rapazes que têm as costinhas largas, a regra do "se anda a comer nove gajas e joga assim, então arranja-se mais uma a ver se joga melhor ainda" continua a vigorar. E como a democracia impera e os hábitos são extensivos a atletas e técnicos, bem como a líderes dos grupos organizados de apoio, estamos na paz dos anjos. Ah, a promiscuidade, pois, é que toda esta comoção deixa-me uma nostalgia terrível dos tempos de juventude, das quartas-feiras à tarde no "88" ou, quando calhava, na "NUMBER ONE". Bons tempos esses. Muitos sonhos, muitas loucuras. Agora, todos os dias são garante de um despertar penoso. De uma via sacra escavada num túnel muito escuro, onde a luz não chega e o fim não se vislumbra. Felizmente, as palmas dos poucos adeptos do Vilafranquense aos primeiros atletas que entraram para aquecer chegaram a tempo de me despertar do pesadelo. Entretanto, até a música melhorou. Está a dar RADAR KHADAFI na instalação sonora. Quem se lembra deles? Fiquem bem.

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