janeiro 08, 2011

Carlos Castro castrado em Nova Iorque e os órgãos online portugueses a serem apanhados... offline

Não se trata de um assunto que, intrinsecamente, tenha a ver com a filosofia desta espaço, mas o facto do jornalista Carlos Castro ter sido encontrado morto em Nova Iorque, em condições violentas dignas de uma qualquer série policial norte-americana, tipo CSI, levanta várias questões que se enquadram na nossa tag FutMedia, na qual se calhar muitos de vocês nunca repararam anteriormente e que tem a ver com o passado a.p. (antes do poker) deste blogue.

A única perspectiva que me interessa aqui tem a ver com a ausência de notícias, a esta hora da madrugada (já depois das 5h30), nos espaços online dos principais órgãos de informação portugueses, quando o facto já circula há horas pelos media americanos (ler aqui), com o NYDailyNews.com em destaque, tendo obviamente transpirado para os noticiários horários dos canais televisivos nacionais de notícias. Pelas 6 horas da manhã, foi assunto de abertura da SIC Notícias, enquanto a RTPN e a TVI24 optavam por colocar no ar as frases da noite do candidato presidencial Cavaco Silva.

A contenção de custos, o facto de ser fim-de-semana e a ideia de que "nada" acontece de importante fora de horas, apesar da nossa discrepância com os horários americanos onde tanta coisa se desenrola com impacto mundial, podem conduzir a estas situações caricatas. Podemos argumentar que se trata apenas de um crime que envolve uma figura do social, mas se tivesse ocorrido uma grande tragédia internacional, como um tsunami, um terramoto ou um atentado terrorista, o défice de informação da imprensa seria exactamente o mesmo porque as redacções online estão paradas. Ou seja... offline.

O Jornal de Notícias parou às 00h46, o Correio da Manhã à 1h57 e o Público às 3 da madrugada. O Diário IOL, apesar de ser um órgão exclusivamente online, não regista actividade desde 1h35, e mesmo assim via o espaço desportivo do grupo, o MaisFutebol. Por isso, são estes próprios órgãos que obrigam os leitores a recorrer à televisão, rádio e redes sociais, precisamente os novos instrumentos informativos que têm provocado a morte lenta dos jornais convencionais. Apesar, claro, de não deixar de ser irónico que os sites das próprias televisões portuguesas não terem qualquer referência ao assunto pelas 5h33 da madrugada.

Quanto ao caso em concreto, e se seguiram a ligação em cima, já perceberam que o conhecido jornalista da área social, e um reconhecido ícone do orgulho gay, de 65 anos, estava hospedado no 34.º andar do Hotel Intercontinental New York Times Square, desde o dia 29 de dezembro, numa zona nobre da big apple, acompanhado de um jovem modelo de Cantanhede, Renato Seabra, que até tem um clube de fãs no Facebook por ter entrado num daqueles efémeros programas de procura de novos rostos para a moda nacional, o "À Procura do Sonho", da SIC. Alguns detalhes da escapadela nova-iorquina vinham sendo revelados na coluna diária que Carlos Castro mantinha na secção Vidas do Correio da Manhã, sob a designação de "Fui eu que disse".

O "casalinho" discutiu de forma violenta, segundo relatam testemunhas, e Carlos Castro (http://www.carlos-castro.com) foi finalmente encontrado morto, despido, ensanguentado, com ferimentos graves na cabeça e com os seus genitais cortados. O "toy boy" Renato Seabra ainda terá deixado a unidade hoteleira, mas foi rapidamente detido pelas autoridades. Neste caso, não se confirmou aquilo que, por vezes, na brincadeira, se diz nas mesas de póquer e que agora se reveste de algum humor negro, ou seja, que "os paneleiros têm muita sorte". Todavia, as questões relativas aos Media são as únicas que nos interessam aqui, pelo que cada um que tenha a orientação sexual que melhor lhe aprover. Quanto ao senhor falecido, que descanse em Paz.

Vamos ter "estória" de faca e alguidar para umas boas semanas, dadas as implicações jurídicas de um crime passional chocante desta natureza, ainda por cima amplificado pelo facto de ter emanado de uma relação homossexual. Ainda assim, não chegará certamente para que deixemos de ouvir falar do caso BPN. Tudo somado, e depois das interessantes aulas de Escrita Multimédia, desconfio que já vai haver tema de debate para o curso que vou ter de fazer durante as manhãs de toda a próxima semana e que andará novamente em torno do jornalismo digital. Aquele que em Portugal, pelos vistos, está bem menos "inline" do que o Jorge Jesus.

PS: Como narrativa alternativa, um termo que é muito querido aos gurus do jornalismo online, entretenham-se com este episódio notável que ocorreu entre duas professoras apanhadas em flagrante no bem bom numa escola americana. Basta clicar aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pá queimem essa merda e deitem ao aterro. E nada de deitar cinzas nas ruas! Deitar lixo no chão para além de ser porco pode ser crime. Ah, e a paneleirada da casa pia o que ainda anda a fazer em liberdade? Tudo pá cadeia, e já!