julho 07, 2007

Banho Táctico: Francisco Chaló, o treinador que queria ser médico

Aos 43 anos, Francisco Chaló estreia-se como técnico principal na Liga. Um sonho antigo de alguém que queria ser médico mas a quem a falta de médias privou dessa pretensão. Enveredou então por um curso superior de Gestão. Só que o futebol falou mais alto e hoje colhe esses ensinamentos académicos na aplicação da metodologia dos treinos.
O telefone tocou quando menos esperava. Estava desempregado e dedicava-se exclusivamente à vice-presidência da Associação Nacional de Treinadores. “Foi em meados de Junho, quando consultava a net e atendi uma chamada privada. A pessoa era bem-falante e conversou comigo demoradamente. Disse que me conhecia bem e que a partir daquele momento eu era treinador da Naval. Pensei que fosse uma brincadeira e, a muito custo, a pessoa acabou por dizer que era o presidente da colectividade”, afirma o técnico.
Sem perder tempo, Francisco Chaló encontrou-se com Aprígio Santos, e esse primeiro encontro ficará gravado para a História, como confessa. “Senti um enorme orgulho por, finalmente, poder treinar uma equipa da Liga. Mas o que mais me espantou foi a forma como o convite me foi endereçado. O sr. Aprígio enumerou vários argumentos, entre os quais deu realce aos embates com o Feirense quando eu era treinador dessa equipa. Destacou a forma arrojada como armava a equipa, e isso pesou na sua decisão depois de comunicar aos outros órgãos da direcção. Pediu-me que continuasse a desenvolver um trabalho de evolução, com vista a criar a estabilidade definitiva da Naval ao mais alto nível, sem avançar com metas megalómanas. De imediato começámos a estruturar o plantel, e posso garantir que iremos ter uma equipa que vai dar muitas alegrias às gentes da Figueira da Foz. É importante captar mais sócios e criar uma sintonia perfeita com os adeptos. Essa será, sem dúvida, a minha prioridade”, sustenta Francisco Chaló.
Ainda sobre o líder da Naval, Chaló considera-o “um homem inteligente” e desfaz o conceito de Aprígio Santos ser uma pessoa distante das realidades do clube. “Ele está desperto para os mais ínfimos pormenores. Sendo uma pessoa de negócios, viaja bastante, mas sempre em contacto com o seu ‘staff’. Devo dizer que a sua forma de estar me impressionou bastante e que vai ao encontro do que sempre idealizei para o patamar da Liga. Sinto um desejo enorme de começar a trabalhar no estágio de Nelas, mas acreditem que não sinto qualquer grau de ansiedade. Confio no meu trabalho e estou determinado a vencer. A estreia a este nível não me atemoriza. Pelo contrário...”

PERFIL
Francisco Chaló treinou todos os escalões do futebol português. Começou no Alfenense e depois dedicou-se à captação de talentos no FC Porto, onde conquistou três campeonatos nacionais nas categorias de iniciados, juvenis e juniores. Em seniores, treinou o Pedras Rubras seis anos, para depois se dedicar ao Feirense durante três épocas na Liga de Honra. Recentemente, esteve em Praga no Congresso Internacional de Treinadores.

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