abril 29, 2009

Psicologia do poker: aprendendo com a bad beat

Podemos aprender alguma coisa de uma bad beat? Quero dizer, podemos aprender outra coisa sem ser que o jogador no lugar 3 é um donkey e de que os deuses do poker nos odeiam?
Primeiro, vamos esclarecer uma coisa: uma bad beat é quando colocamos o nosso dinheiro com a melhor mão e a outra mão ganha quando tinha menos de 50%. Alguns iriam mais longe e diriam que uma verdadeira bad beat tem que ser algo como alguém ter três outs. Mas todos concordamos em como uma bad beat é um evento em que alguém estava atrás e ganhou a mão. Quanto menor a probabilidade da segunda mão ganhar, pior a sensação de perdermos.
A sensatez de poker fará com que esqueçamos a bad beat e nos afastemos. Próxima mão, próximo torneio, próxima sessão. Mas pode haver algo para se aprender, ao levar a beat, mas temos que analisar todos os elementos desta dolorosa experiência. É aqui que entra a dissonância cognitiva.
Dissonância cognitiva é a percepção da incompatibilidade de duas acções cognitivas, que podem ser definidas por qualquer elemento de conhecimento, incluindo atitude, emoção, acreditar e comportamento.
Ao levarmos a bad beat certamente sentimos emoções que incluem atitude (ficamos irritados), emoções (afastamo-nos da mesa a falar com nós próprios), acreditar (que aquele gajo é um donkey!), e comportamento (aceitar bem ou mal, é sempre comportamento).
Agora vem a parte difícil. A teoria da dissonância cognitiva diz que as acções cognitivas contraditórias servem como força para que a mente adquira novos pensamentos e crenças, ou modificar crenças actuais, para que seja reduzida a discordância (conflito) entre as cognições. Em termos não-científicos, o conflito põe-nos inconfortáveis, por isso tentamos aliviar este desconforto ao criar novas crenças e comportamentos para tentar reconciliar este conflito.
Esta tensão que nos queremos ver livres, irá fazer com que encontremos novas maneiras de fazer seja o que for que tinha causado essa tensão. Mas, no poker, é possível ver-se livre do desconforto e não aprender absolutamente nada. Se nos afastarmos da mesa depois de um bad beat e o nosso processo todo for dizer "Aquele gajo é um idiota" ou "Eu só tenho azar", então foi desperdiçada uma valiosa oportunidade de melhorar o seu jogo.
Trabalhe com a tensão. Trabalhe com o desconforto da bad beat e pergunte a si mesmo, "O que realmente aconteceu?" Quais eram as suas odds? Tinha outra maneira de jogar que arriscasse menos do seu stack? Era provável que aquele jogador jogasse daquele modo depois do que o já o tinha visto a fazer na mão anterior? E se ele era capaz, tinha as melhores hipóteses para fazer aquele call ou aquele grande re-raise?
Está a ver, o desconforto que sentimos depois de levarmos uma beat na mesa apresenta-se como uma grande oportunidade para análise e melhoramento – mas só se pusermos os elementos correctos no conflito. Só se a nossa dissonância cognitiva vier de uma estimativa honesta da mão em questão é que podemos melhorar. Claro, aquele gajo fez um call terrível, mas talvez você estava sempre a roubar e o seu all-in parecia um semi-bluff para ele. Talvez se tivesse feito check e deixava-o apostar, e depois ter feito all-in então ele teria feito fold e não apanhava com aqueles Paus seguidos.
Discordância cognitiva sugere que um pouco de desconforto pode servir como uma boa ferramenta de aprendizagem – aliás, uma grande ferramenta de aprendizagem – se escolhermos usá-la.

Artigo do psicólogo estado-unidense Tim Lavalli disponível na sua versão original por esta ligação. Outros temas de estratégia FutPoker clicando na respectiva etiqueta: Strategy

14 comentários:

Beto disse...

Pra mim um bad beat eh quando jogamos corretamente e levamos uma sapatada. Nada melhor que olhar essa mina com a camiseta preta quando levarmos um bad beat...caso vc fique puto.
eh tuga essa mina gato?

alvimslb disse...

gato

muito bem gato. eu pessoalmente agradeço esta aula, espero q continues, pois tenho a certeza q nao é tempo perdido.

mas acho que seria bem mais facil se me arranjasses uma consulta com a lindona. ve se cosegues uma vaga, sei q és capaz. obrigado

Gato disse...

Seus sabujos,

Por saber com quem estou a lidar é que "introduzi" a menina na posta, de forma a captar a vossa atenção. Espero que sem ofuscar o essencial, que é conteúdo.

Para lidar com as bad beats, para mim o primeiro passo é apanhar ar frio na cara para passar o vapor. Porém, a partir daí, há que fazer algo que é muito mais simples do que parece: PENSAR.

A capacidade para reavaliar as jogadas, identificando erros para não os repetir em situações futuras, é peça-chave na evolução de qualquer jogador. Nunca me ouvirão dizer, ou escrever, que todos devemos encarar o poker com espírito profissional, tendo de estudar diariamente horas a fio.

Todavia, e adaptando o que escrevi no Mural, se todos jogarmos bem futebol tem muito mais piada fazermos uma peladinha e a diversão é incomparavelmente maior do que se do outro lado estiver uma equipa que só dá "cacetada" e que até ganha jogos de vez em quando através da intimidação ou da "pissada" nos remates do meio da rua. Basta transpor o exemplo para o poker e rapidamente percebem a mensagem.

abn0se disse...

Qualquer "cacetada", "pissada" ou "bad beat", implica na sua própria essência algo incontrolável pelo próprio jogador. Sendo assim, o estudo ou a análise do que possa ter sido mal feito/jogado é incompatível com o próprio conceito. Se jogamos mal, não há bad beat! Se hoube bad beat, jogamos bem mas tivemos azar. A única reflexão a que uma "bad beat" nos pode convidar a fazer é sobre a forma como a encaramos ou ultrapassamos. Presente e Futuro.

abn0se disse...

quanto à gaja, não gosto. nem dela nem da foto. deve ser da idade...

abn0se disse...

da minha, claro ;)

Beto disse...

pois eu gosto e muito...manda o email dela ae gato

Gato disse...

Abnose,

Não gostas de ninfetas?

abn0se disse...

Referia-me à minha idade, não à dela. Particularmente desta não gosto, nem quero competir com o Beto ;)
(como eu esperava, serve mais para distrair do que para chamar a atenção)

Sapetodos disse...

Deixa ver se eu entendo:
Havia um texto qualquer ou lado da foto, né? Só assim entendo estes vossos comentários profundos.
Ihihihihihihihihihihi

OQC disse...

Uma visão positivista da coisa...

Rever e analisar mãos passadas? clepsidra... tomara a mim ter tempo para jogar... oqc...

Yuranus disse...

nao li os comentários dos meus restantantes companheiros mas começei a ler o artigo. Parei quando vi que quem o escreveu pouco ou nada sabia da coisa.

Muitos de voçes já devem estar a pensar lá vem este fdp outra vez com as manias dele. Pior outros nem vão ler o que eu vou escrever agora e vao começar a criticar já pois vao dizer que eu fiz isso mesmo. Li parei e começei a criticar.

Pode nao ser a postura mais correcta, mas cada uma é como cada qual. Uma bad beat é quando tu perdes uma maos que tens pelo menos 71% de favoritismo. O resto é perder corridas. Sao os tradicionais 60-40.
AQ vs Kt corrida
AK vs 23 corrida
AK vs A2 bad beat
qualquer overpair vs under pair bad beat

quando começei a ler o jovem que escreveu o artigo disse que levar uma bad beat é quando perdemos uma mao que temos 50+1% de favoritismo

ERRO

Contudo esse erro é mt comum pois nao ha muito tempo lembro o Fernando "nano" festas, meu amigo, que ganhou o solverde. E tinha levado umas pissadas, seja, perdeu umas corridas. 60-40!!! e começou a pedir o mesmo para um adversário quando este tinha AA vs o Aq dele :S a dizer pelo menos uma vez...

A diferença é grande e mesmo para ele que é um jogador com bastante experiencia, naquele momento a diferença era 0.

Quando perdemos uma corrida, ou levamos uma bad beat a importancia pode ser 0 ou 100%. Depende sempre da nossa stack e da stack do adversário. Se somos eleminados do torneio nesse momento, ficamos quase mortos ou essa jogada quase nao teve influencia para nos pois a stack do adversário nao era significativa.

Devo dizer que não ha nada a fazer quando levas uma bad beat ou perdes uma corrida. Se estas vivo apenas podes pensar numa coisa. Recuperar! se estas morto gg e até a proxima

abn0se disse...

sabujando ou não sabujando, neste caso estou com o yuran. o gajo pode ser doutor psicólogo pokerista mas tem de certeza uma ficha enfiada em cada olho e não vê népias à frente. até tu, hooli, já vais na conversa do doutor e confundes corridas com bad beats...

Gato disse...

Devo ter-me explicado mal, Ab...

Vou tentar ser mais claro e conciso: a designação por "corridas" ou "bad beats" não está no cerne da questão.

Estamos a discutir o acessório.

A questão aqui são as REACÇÕES E EMOÇÕES que a derrotas nessas "corridas" suscitam nos jogadores.

Como criar ferramentas para, mesmo nos tais momentos de "desconforto", sermos capazes de reagir e retirar dividendos em termos de aprendizagem.

Se o tal Tim Lavalli fosse o idiota que vocês pintam não estou a ver um gajo tão esquisito como o Mike Matusow a convidá-lo para escrever a sua biografia, nem tantas organizações ligadas ao poker a convidarem-no para colaborar.

Em inglês, na versão original, o homem explicou claramente que utilizaria o conceito "bad beat" como generalização do "come from behind event". Vale a pena implicar ou será mais produtivo analisar a forma como a mensagem, no seu todo, poderá ajudar um jogador médio?


"A bad beat happens only when you get your money in with the best hand and the other player draws out on you with less than a 50% draw. In fact, some would go further and say a true bad beat has to be something with longer odds than a three-outer. But we all agree that a bad beat must be statistically a 'come from behind' event. The longer the odds of the second hand making the beat, the worse the beat feels."

Acho que se percebe bem.

Sobre a questão psicológica em debate, algo a acrescentar, alguma experiência pessoal para relatar?