No Poker, hoje em dia, há uma forma simples de chegar a uma Final Table que é jogar um torneio Sit'n Go. Quando a mesa está cheia, o torneio começa. É dado a cada jogador o mesmo número de fichas, e o jogo acaba quando um jogador fica com todas as fichas em jogo. Os prémios e as estruturas variam, mas normalmente os últimos três jogadores ganham dinheiro, com o vencedor, a ganhar cerca de 50% do prémio, o segundo classificado a ganhar 30% e o terceiro a ganhar 20%.
Mas vamos ao que interessa como jogar um SNG. Resolvi escrever este artigo pois os Torneios FutPoker não são muito diferentes de um SNG. São um SNG com 23-25 pessoas e eu tenho visto coisas do arco da velha.
Ha duas noções a reter nestes torneios.
Blinds
Um erro muito comum nos SNG é ver pessoas a jogar muitos flops de uma maneira muito passiva ou com raises mongólicos no inicio. A estratégia para ganhar SNG, ou pelo menos chegar ao dinheiro, é simples : temos que ser tight agressivos no inicio.
Jogar mãos tipo JTs ou KQs ou até mesmo 74off no inicio não faz sentido apenas porque as blinds estão baixas. Pior será, na minha opinião fazer um raise com estas mãos. É agora que muitos devem estar a pensar então se tenho 1500 fichas, estou no CO nao devo fazer um raise com qualquer das mãos acima citadas apenas porque as blinds estão baixas? Sinceramente acho que não, contudo aceito que o façam, mas que o façam de forma agressiva. Vamos ver um exemplo:
Estamos no CO com JTs, as blinds estao 10-20, fazemos um raise para quanto se todos os jogadores foldarem até nós?
a)40
b)60
c)90
A resposta que mais me agrada aqui é sem sombra de dúvidas a C, dúvido que qualquer jogador, com qualquer 2 cartas suited, Ax ou King high não faça call a mais 20-60 fichas se tiver posição. Normalmente este mini-raises provocam apenas a nossa própria cova. Quando fazemos um raise para 90 sabemos automaticamente o range de mãos do adversário A forte ou par muito dificilmente vai entrar em loucuras aqui a não ser que tenha uma premium que nos irá raisar e assim a gente folda fácil.
Vejo os inicios dos torneios SNG como aquelas batalhas da idade média com os exércitos de ambos os lados, os maníacos aka peões são os primeiros a morrer e quando chegamos aquela parte em que as blinds começam a ficar interessantes, esses já lá não estão.
O roubo das blinds só faz sentido quando estas subirem para 300-150 com antes.
Aqui depara-mo-nos com 2 problemas:
a) quando roubar?
b) quando as blinds forem nossas quando dar o call?
A resposta à primeira alinea é muito facil CO-1, CO e Botão. Mas devemos ter em atenção dois outros parâmetros.
aa) stacks
ab) tipo de jogador
Pressionar sempre os jogadores com stack mais baixas, pois esses vão querer apertar o seu range de mãos para dobrarem, contudo se as blinds já os tiverem a matar ( ou seja, estes jogadores tiverem menos de 3BB ) muito cuidado com eles pois podem dar call com qualquer duas cartas.
Devemos ter em atenção se o jogador via muitos ou poucos flops, se este é tight ou loose, pois devemos aproveitar SEMPRE para roubar os jogadores tight e já sabemos que um loose que está short vai dar call com qualquer duas coisa que um short tight não vai fazer, a não ser que esteja a morrer devido às blinds.
Voltando a alinea b - quando nós estivermos nas blinds - simples, temos que olhar para a nossa stack. Sou totalmente contra deixar crescer os short especialmente quando eles vão allin com posição, mas acho demente dar call com Q2off só porque temos fichas. Um short continua short se roubar apenas as blinds se ele dobrar torna-se um perigo.
Outra noção que é importante ter é o que diz respeito ao bluff. A meu ver não se deve bluffar em SNG especialmente nos níveis iniciais do jogo. Obviamente quando as blinds subirem o bluff deve ser utilizado mas apenas com posição para evitar que outros jogadores que tem posição sobre nós façam call. Hoje em dia está muito em voga o raise utg, contudo em SNG, raise utg é suicida.
Aprenda a foldar AQ e AJ nos níveis iniciais quando não tem posição, pois essas mãos à partida agradáveis tornam-se perigosas devido ao valor das Blinds.
Acontece que mesmo optando por uma estratégia tight, por culpa das mãos vai acabar por dobrar a sua stack no início se isso acontecer não faça um erro muito comum que é abrir o seu range de mãos só porque tem fichas. Isso é um erro normal... Contudo acho que se tem fichas deve manter sempre a pressão sobre o adversário.
Mãos que eu vou jogar em qualquer posição na fase inicial: JJ, QQ, KK, AA, AKs e AKoff. Com posição abro o range para Axsuited (para nut flush draw), qualquer 2 figuras (para top pair e straight) e qualquer pocket pair (para trio).
Resumo
-Joga tight agressive
-Não faças bluff
-Joga sempre com posição
-Joga contra as stacks e pressiona os shorts
-Deixa que os maníacos se matem no inicio
-Se dobrares pressiona os adversários
Uma vez no dinheiro, lembre-se do prémio para o vencedor. Joga any Khigh sempre de forma agressiva pois lembra-te se o fizeres vais terminar mais vezes em 1º e as restantes em 3º ... raramente serás 2º.
Uma nota final
Acho fácil dar conselhos, mas incrivelmente difícil de seguir. Na bíblia há uma passagem que diz faz aquilo que eu digo não faças aquilo que eu faço. Estou plenamente convicto que aquilo que escrevi é o que se deve fazer mas até eu algumas vezes não consigo fazer. Você tem que ranger os dentes, e conseguir ser metódico pois sempre que o faço ganho e quero que o mesmo aconteça com vocês!
Sabendo que me vou repetir, digo mais uma vez - Nas fases iniciais jogar tight e evitar confronto que pode levar à eliminação. Tenta minimizar o factor sorte! Claro que podes ir allin com 72off e dar uma pissada a um AK mas isso não te faz um bom jogador e é isso que eu quero que tu sejas.
Bom jogo e obviamente Boa sorte
Se tiveres qualquer outros comentários ou críticas, positivas ou negativas, elas são bem-vindas.
Francisco "The Truth" Costa
janeiro 26, 2009
Estratégia para torneios SNG - A tua primeira FT
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8 comentários:
Boa posta! O dificil mesmo é seguir à risca a teoria...
E como se costuma dizer por estas bandas, sitandgoa-mos...
Parabéns pelo artigo, Chico.
A tua veia opinativa é um valor acrescentado para este espaço. Temos de aprofundar a abordagem ao poker e tentar com isso criar novos mecanismos de abordagem à modalidade da parte da maioria dos elementos.
Creio que o teu texto é feliz. Depois poderei abordar um ou dois pontos em concreto, mas acima de tudo fico arrepiado quando penso que há tanta gente e investir dinheiro no poker sem perder sequer 1 minuto a meditar sobre o seu jogo, sobre os seus erros e predicados, até procurando a informação que está facilmente ao alcance de todos devido às novas tecnologias.
Sobre a tua perspectiva, apenas tenho de contrapor um argumento: na fase inicial de uma SNG, tal como de um torneio, é quando podemos detectar um, dois ou três jogadores mais fracos e exploráveis. Se não estivermos atentos e tivermos receio de ir a jogo por via de uma postura demasiado tight, depois vamos ter de ir buscar fichas contra os melhores jogadores da SNG, já com stacks maiores e provavelmente em mesa shorthanded, onde vamos de facto ter de jogar mãos marginais perante a pressão das blinds.
Para mim, as chaves residem na posição e no adversário que está na mão connosco. Se estes condimentos forem bem mixados, vamos poder levar 3/4 dos potes independentemente do que a board trouxer. Todavia, isso é para patamares mais avançados e, como perspectiva de base, a abordagem tight é +ev no medium/long run, dado que o "gutshot poker" por vezes bate, mas inevitavelmente acaba em despiste: ou seja, banca a zeros.
Tenho estado caladinho acerca dos Futpoker no Solverde #1 by ..., apenas porque não tenho nada para dizer; como apontar algo a tão ilustres camaradas?
Cada um à sua maneira e com o seu estilo próprio fizeram os relatos da sua experiência, os quais 'estudei' com afinco, tentando identificar as suas virtudes e os seus erros (oqc...).
Ora, na minha modesta opinião, é com isto que temos/devemos aprender, com as vicissitudes normais do jogo, é este género de relatos que nos podem elucidar sobre o que devemos fazer perante determinada situação (embora, como diz o Francisco nem sempre se escolha o move mais académico...).
Só tenho a agradecer (e pedir para continuarem!) aos ilustres camaradas por partilharem connosco as suas experiências, as quais nos podem fazer crescer no jogo.
Uma palavra especial ao Francisco pelo seu artigo e pela sua sabedoria (teórica, porque às vezes o seu sangue quente e a vontade de 'estar em todas' o prejudica em variadas ocasiões...), experiência e lucidez de escrita, extensível aos demais escribas (neste aspecto, temos a nata do bom português no Futpoker!...).
Obrigado, Sérgio, Vítor e Francisco!!!
P.S. - Já agora, vou abusar e pedir um artigo sobre 'selecção de mãos' em MTT.
OQC
LOL claro que não será abuso pedir um artigo sobre MTT, alias como é obvio já estava na minha mente um artigo sobre isso mas primeiro achei melhor escrever um sobre SNG para posteriormente escrever um sobre MTT.
Abn0se
Como é obvio é dificil seguir a risca o que se deve fazer contudo devemos fazer esse trabalho de casa. Temos que ser metodicos e dexar a paixao de lado.
gato
que me lembre numca disse que nao deviamos estar atentos ao jogo. Concordo que devemos detectar os jogadores mais fracos para explorar mais tarde.
Não concordo com o que dizes que mais tarde vamos apanhar jogadores mais fortes. Quantas vezes nao vemos pissadas? aqueles jovens que vao a procura do gutshot e bate? ou aqueles que vao a procura da cor contra trio e bate?
temos que estar atentos é a esses jovens que sao exploraveis. Acho que estas a fazer confusao com MTT e SNG. Em SNG temos 10 jogadores não precisamos de nos envolver até que as blinds assim o obrigem. Ou será que estou errado?
Nao sou muito adepto do all in pre flop (call) e nao sei bem quando este e indicado, mas quando dizes que jogas JJ, QQ, AKoff em qualquer posiçao, isso quer dizer que cobrias um all in pre flop?
Baseia se mais na cartas que se tem na mao ou a tipo de jogador que faz all in? Quais a maos "boas" para cobrir?
E que muitas vezes levo com all in's depois dos meus raises e nao sei bem o que fazer (sempre pre flop)
anoninmo
o q eu disse foi "Mãos que eu vou jogar em qualquer posição na fase inicial: JJ, QQ, KK, AA, AKs e AKoff" acho que retiraste o AA e o KK pois a essas pagaria o all in pre-flop induzido por alguem.
com QQ depende da imagem que tenha do jogador. Obviamente para um jogador ir all in pre-flop, até com AA, é um fish. fazendo o call com QQ estou apenas atras de KK ou AA e duvido que alguem com essas maos va allin. E entro em corrida com AK ou Amerda qq. por isso com QQ é uma decisao complicada mas admito que fizesse call depende da imagem que tivesse do jogador.
JJ ou AK sao easy fold, a nao ser que já estivesse short ou estivesse pot commited. do genero ter jj/ak mid position com 1200fichas
ha um raise para 200 faço 3bet para 600 e o gajo dos 200 vai allin aqui estou obviamente commited e can´t fold.
a ideia é diminuir o factor sorte ao maximo, por isso quando digo que com essas maos jogo em qualquer posiçao quero dizer que faço open raise ou 3bet
Olá Equipa do Futsabado,
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Um pouco mais sobre a página:
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Caso haja interesse, gostaria de saber se existe possibilidade de inserir um link de www.futebol.pt no seu site.
Agradeço pela cooperação e aguardo respostas.
Melhores cumprimentos,
Cristina Fujiname
Caro Yuran,
Qual é, no teu entendimento, a melhor estratégia para enfrentar jogadores como os que comparecem a muitos eventos FutPoker, cujo range de mãos é praticamente imprevisível?
Perante raises brutais como os do Zeca Diabo na tua mesa de ontem, que praticamente deixavam os outros jogadores allin, devemos optar por máxima agressividade e ir para cima dele obrigando-o a pensar se o call vale a pena ou aguardar por uma mão que teoricamente nos coloque em vantagem?
A abordagem tight no início dos torneios como se equilibra com a importância de aceder à board, algumas vezes com baixo custo, para tentar explorar a superioridade no jogo pós-flop, onde os melhores jogadores podem retirar vantagem mesmo partindo com mãos abaixo do range ideal?
Sendo difícil combater a pressão dos jogadores maníacos pré-flop, não devemos procurar oportunidades, mesmo que seja entre as gotas da chuva, para entrar na board e explorar as debilidades deste gamblers?
Gosto do teu artigo, obviamente, mas centra-se quase exclusivamente no jogo pré-flop e na selecção de mãos. Mediante o field que estamos a enfrentar, acredito que pode ser +ev aa mixagem de movimentos, sobretudo em posição e tomando em conta as pot odds, desde que tenhamos confiança na nossa capacidade em jogar os jogadores na board. Diz o que achas.
Abraço.
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