Em qualquer Torneio, a posição do "Bubble Boy" é a mais ingrata de todas. É ser o primeiro dos últimos, morrer na praia, enfim, escolham a frase feita à qual acharem mais piada. Foi a fava que me tocou desta vez (11º em 128...), ainda por cima sendo arrumado pelo finlandês Snonni, que viria a ser o vencedor final. Por alguma coisa desconfio sempre dos nórdicos nas mesas de poker.
Vamos começar pelo início: nesta tarde de domingo, e procurando voltar a competir na Liga Estrela do Mês do Pokerpt.com, fiz o download da Nuts Poker e registei-me. Rapidamente percebi que não ia consegui entrar na Liga devido a algumas burocracias mas, como as promoções para recém-chegados são interessantes e andavam muitos portugueses pelas mesas, aventurei-me pelas 16 horas num freeroll especial chamado Nuts Asylum e destinado a jogadores que se tenham inscrito na Nuts há menos de 90 dias (podemos jogar até 4 por semana...) apenas para testar o sistema. Para começar, gostei do software e ainda mais da sua jogabilidade. Fui com calma e, a dado passo, tendo um flush no turn, limitei-me a callar um raise e voltei a checkar no river já com a braguilha desapertada e com o coiso na mão para enfiar, mas o vilão teve faro e não comprometeu mais fichas. Tudo bem. Não conhecia o ambiente e não queria dar estrilho.
Deixei a foldagem rolar até bater uma vibe e ganhar uma corrida de A3 contra Q6 premiada com dois ternos na mesa. Depois, veio uma mão TT bafejada com mais um T no flop, que checkei. O vilão, que tinha QJ, faz all-in ao ver um Valete e cai na armadilha. Como diria o nosso guru das mesas, o Sonazol: siiigaaaa!!! Com 7T consigo fazer um urso foldar no turn, com QJ e K9 roubo blinds, com J9 repito a gracinha, com 99 faço um all-in que ninguém paga, cada vez mais confiante. Entretanto, o finlandês Snonni, que viria a eliminar-me, embrulha-se com outro tipo, tendo 79 e defendendo um 9 no flop, o underpair, vencendo contra K4 que só deu King high. Incrível. Ganho-lhe logo a seguir tendo JT contra T9 e resistindo à pressão que ele fez sem qualquer de nós melhorar com a mesa. Outra vez com TT, pressiono eu até um NutsThug, assim era o nick, foldar no River já com outro T batidinho no turn. Aplico-lhe a mesma dose com K8, com dois oitos a baterem e ele a fazer figura de calling station até se borrar no river. Foldo duas mãos onde entrei para não correr riscos desnecessários e com JJ ninguém reage, o mesmo quando chega AK. Com Q9 roubo mais blinds e com AJ vou all-in contra um tuga que depois entraria na Liga Estrela do Mês e que pagou o meu push com TT. Sai na frente, mas um Valete no river premeia o agressor, que passa de 7540 para 14830 fichas, ficando durante longos períodos em segundo lugar na classificação, com o mérito que os frames atestam.
Na que considero ter sido a mão pior jogada da tarde perco 1200 fichas a defender JT, saio com algum acrescento de um triplo all-in onde a short stack venceu apesar do meu AK. Digo adeus a 2700 fichas após um raise com KQ, volto a entalar o cabrão do finlandês com J4 e, quando bate o sempre ansiado AA, vejo dois camaradas a espalharem-se, entre eles um tuga dos que mais logo também iriam para a Liga e que me engordam com as suas fichas. Obrigado, pessoal. Foldo 88 porque estava muita confusão e sai 8 no flop e, contra os meus princípios, callo um all-in de um short stack (2300) com AJ, ele abre com QT ouros e é premiado com um straight.
Com AT lucro 5 mil fichas contra o tal finlandês (Snonni) e um portuense identificado como Xutaprafora. Com 11590 fichas e a mesa final aparentemente garantida, eis que surge o traiçoeiro AJ suited que não vou esquecer tão cedo. Perante o limp do tal Snonni, decido resolver a mão ali mesmo metendo as fichas todas na mesa, acreditando que a presença do meu talismã felino junto a mim bastaria para evitar alguma bad beat, até porque o adversário também não queria certamente ser o bubble boy, ficando fora do payout. Para surpresa minha o lapão responde, abre com JJ e ainda bate mais um Valete na mesa para ajudar à festa. Cerca de 110 minutos de um desempenho notável estragados por um momento negativo. É assim o poker. Na hora de lamber as feridas chega a inevitável análise e contra-análise para atingir uma conclusão: mesmo que a abordagem tivesse sido mais conservadora, através de um raise, a armadilha era terrível, porque ele ia callar e, com um Jack na mesa a dar-me top pair, e tendo eu um na mão com Ace kicker, sei que iria certamente fazer re-raise a qualquer iniciativa que o vilão tomasse. Até por sentir alguma superioridade em relação a ele em face do historial anterior de mesa, não me estou a ver a foldar. O all-in seria certamente o destino da mão a menos que alguma luzinha lá de cima me alumiasse. E pronto, como bem diz o povo, na Bolha custa sempre mais...