setembro 26, 2007

A nova vida (encarnada) do G-14

No dia 13 de Setembro, a assembleia geral do G-14 realizada em Bruxelas aprovou por unanimidade um plano de alargamento deste grupo de pressão. O G-14, fundado em Setembro de 2000 por 14 dos clubes mais importantes da Europa - incluindo o FC Porto -, acolheu quatro novos membros dois anos mais tarde. Mas o número actual de membros poderá duplicar ou mesmo aproximar-se dos 50 até ao final do ano. "Chegámos à conclusão de que um grupo formado por apenas 18 clubes não tem representatividade suficiente", explicou o presidente do G-14 e do Lyon, Jean-Michel Aulas. "Os clubes europeus precisam de uma plataforma independente e mais ampla do que a que temos agora." Esta decisão histórica de alargar o G-14 a cerca de 40 a 50 membros foi impulsionada pela tensão crescente existente entre o grupo e organismos como a FIFA ou a UEFA. O G-14 tem tentado abordar diversos assuntos com as federações internacionais - questões como a convocatória de jogadores para as selecções, o calendário internacional ou as indemnizações devidas por lesões ocorridas ao serviço das selecções nacionais. Mas tanto a FIFA como a UEFA têm-se recusado a debater com o G-14, argumentando que não podem reconhecer um "lóbi elitista e pouco representativo dos clubes da Europa". No final da assembleia geral de Bruxelas, os representantes do G-14 não adiantaram muitos pormenores. Aulas adiantou unicamente que o G-14 quer estender-se a novos países - os 18 membros actuais provêm de apenas sete países europeus - e que o futuro agrupamento de 40 a 50 clubes adoptará novos estatutos e denominação (a título provisório foi escolhida a sigla AIC - Associação Internacional de Clubes). Nos últimos dias, no entanto, o comité executivo do G-14 finalizou o critério definitivo. "Vamos convidar um clube de cada uma das 23 nações mais bem colocadas no ranking de clubes da UEFA. Recorreremos a um critério desportivo objectivo que olhará para o desempenho de cada clube no respectivo campeonato nacional nas últimas cinco épocas", explicou ao DN sport o director administrativo e financeiro do G-14, Arnaud Scaramanga. Este director adiantou que o cálculo será feito com base numa pontuação a atribuir a cada posição (campeão, vice-campeão, 3.º lugar, etc.) ocupada por cada clube nas últimas cinco épocas. Com base neste critério, o Benfica (uma vez campeão, duas vezes vice-campeão e duas vezes 3.º classificado nas últimas cinco épocas) somará uma pontuação superior à do Sporting (duas vezes vice-campeão e três vezes 3.º classificado na Liga portuguesa). "Não posso confirmar nomes. É tudo uma questão de fazer as contas", disse Scaramanga. A nova composição do G-14 - que deverá ser anunciada e ratificada em Novembro - vai incluir, finalmente, o Benfica. No passado, recorde-se, todas as tentativas de entrada no lóbi por parte do clube de Lisboa foram bloqueadas não só pelos vetos do FC Porto, mas também do Manchester United - nos primeiros anos do século, o clube inglês mantinha um diferendo com o Benfica relativamente a pagamentos devidos pela transferência do checo Karel Poborsky.

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