E agora Derlei com as quinas ao peito?

Confesso que fui a favor da chamada de Deco à Selecção Nacional, embora reconheça que a mesma só se concretizou porque o seleccionador era Luiz Felipe Scolari, e não manuel José, como chegou a estar apalavrado por Gilberto Madaíl. É que Deco praticamente não jogou como sénior no Brasil, tendo viajado muito cedo para Portugal e, ainda para mais, tratava-se de um jovem que, mesmo hoje em dia, ainda tem 26 anos... O seu impacto na SuperLiga e admiração por parte do público português tornavam admissível que se repetisse uma convocação que tinha mais do que um precedente no passado.
Todavia, acho que uma vez não são vezes, e por isso não faz sentido que Derlei tenha recuado na sua intenção de, mesmo naturalizado, não jogar por PORTUGAL, e agora altere o discurso, mantendo a porta aberta a essa possibilidade. No MUNDIAL'2006, Derlei estará a um mês de fazer 31 anos, pelo que não nos resolve problema algum. Temos de apostar, isso sim, em Hugo Almeida ou Makukula, já para não falar em Hélder Postiga ou Nuno Gomes, que ainda tem muito para dar. Até Pauleta, nessa altura, ainda estará bem dentro do prazo.
Não se sabe devido a que influências, mas o certo é que o Ninja, agora, deixa no ar a possibilidade de actuar com as quinas ao peito. "O processo de naturalização ainda está a decorrer, por isso não é uma questão que se coloque para já. Na altura certa se verá. Com sinceridade, nunca trabalhei no clube a pensar na Selecção. E isso agora não é importante, importante é estar aqui cem por cento concentrado no FC Porto. A Selecção está num patamar superior, mas trabalho no FC Porto e, por isso, tenho currículo para isso. Se acontecer, melhor.."
Currículo, Derlei tem, claro. mas não estamos a falar de uma contratação por parte de um qualquer clube, mas sim de representar um País, de laços de sangue que um cidadão brasileiro dificilmente terá. Até porque o Ninja actuou durante vários anos como profissional no Brasil, onde nunca vingou. Se durante o EURO'2004 até a situação de Deco foi alvo de polémica uma vez mais, no caso de Derlei o assunto poderia mesmo ser gravoso para a Selecção Nacional, a menos que o exemplo de Scolari, agitando as bandeiras de PORTUGAL e do Brasil após o triunfo sobre a Inglaterra, seja para levar até extremos impensáveis.