Os jornalistas são uma raça estranha. Trabalham longas horas, muitas vezes até às horas pequeninas, e depois gostam de fazer férias movimentadas, longe, talvez num sítio onde não haja telemóvel para conseguir o vazio completo de uma actividade tão intensa e na qual é preciso todos os dias ir ao fundo das coisas. Não é só em Portugal, acontece com muitos dos nossos colegas europeus e americanos, como se fosse necessário fugir do mundo durante umas semanas para que o eterno retorno seja mais leve.
À procura do descanso, apenas, ou também de uma introspecção que nos ajude a sinalizar um caminho. Há uma altura da vida em que todos nós, jornalistas, nos julgamos capazes de fazer muitas mais coisas na vida, em que juramos desistir da profissão de malucos em que nos metemos, normalmente ainda muito jovens, trocando-a por algo que permita uma vida normal. Procuramos o céu sem limites.
O meu querido amigo César Oliveira morreu numa avioneta à procura da longínqua Patagónia. O César juntava as suas qualidades de jornalista à sua natural bondade e a um grande despojamento. Se há algum jornalista que eu imagino que esteja no céu és tu. Tranquilamente, como sempre quiseste as coisas quando se travava de jornalismo.
Manuel Queiroz, Subdirector
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