Conheci o César de Oliveira em 1999, quando troquei o ‘Público’ pelo ‘Record’. O João Marcelino, que tinha esta mania de se interessar por todos os jovens talentos capazes de lhe revitalizar o jornal, falou-me dele como sendo um tipo “criativo”. Não estava enganado.
Durante anos, partilhámos a mesma redacção, rimo-nos um com o outro, descobrimos interesses comuns, aprendemos a respeitar-nos profissional e pessoalmente, até por termos vivido juntos o Mundial 2002, em Macau e na Coreia, mas nunca fomos próximos. O César era de Santa Maria da Feira, jogava Football Manager com o Feirense, vivia no mesmo prédio da Catarina, do Luís Pedro e da Vanda e tinha um hamster que a Vanda procurava alimentar sempre que ele saía para as distantes viagens de férias como esta que agora lhe acabou com a vida tão antes de tempo, se é que há um tempo certo para tragédias.
Só em 2005, já eu estava a fazer a ‘Record Dez’, pude conhecê-lo melhor. O Miguel Costa Nunes saiu para a ‘Sábado’ e o César foi designado pela direcção para o substituir. O jornalista que descobri era um poço sem fundo de ideias, uma fonte de imaginação sem limites, dono de uma enorme capacidade para criar soluções inovadoras. Acabado de chegar, o César não foi ao almoço comemorativo do primeiro ano da revista, em Abril de 2005. Mas não fez por mal – achou apenas que não merecia. E a provar que se integrou perfeitamente, já esteve na minha festa de despedida, em Setembro, quando saí para o Correio da Manhã. A foto dele está bem em evidência no quadro que todos eles me ofereceram, uma capa da revista com o título ‘A Nossa Equipa’ e para o qual agora olho sem querer acreditar que um dos membros daquele grupo de sonho não vai escrever mais.
O César era um daqueles jornalistas de rasgo, ao pé do qual nunca duvidávamos que algo de diferente ia acontecer. Por isso, sugeri ao João Marcelino que ele passasse a escrever sobre cinema – a grande paixão da vida dele – no Correio da Manhã. Neste momento, pode parecer egoísta, mas tudo o que me apetece dizer é que o César vai fazer-nos muita falta. A todos.
António Tadeia, Jornalista
novembro 25, 2006
A falta que nos faz o César
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