novembro 08, 2006

A influência positiva do Futsal

Com mais equipas do que nunca a participarem na presente edição da UEFA Futsal Cup, a modalidade continua a ganhar importância na Europa. Das 40 que iniciaram a competição, restam 16, que aguardam agora para saber qual o destino do sorteio de sexta-feira, em Nyon, na Suíça. Todas, entre as quais o Sporting, têm a esperança de atingir a recém-criada "Final Four", agendada para Abril. Este novo, dramático e emotivo formato, ao estilo norte-americano, irá beneficiar a modalidade, que está a cativar cada vez mais adeptos um pouco por todo o continente. Mas se a popularidade do futsal só na última década teve um crescimento significativo, esta modalidade tem vindo a influenciar o futebol europeu, ainda que de forma indirecta, há bem mais tempo.

Influência brasileira
Os jogadores sul-americanos, em particular os brasileiros, começaram a chegar às principais Ligas europeias há já muitos anos, destacando-se geralmente pela sua superior técnica e visão de jogo e muitos deles desenvolveram os seus atributos a jogar a versão reduzida do futebol de 11. Pelé, Zico, Sócrates e Ronaldo, todos cresceram a jogar futsal no berço da modalidade, o Brasil, onde as crianças são encorajadas a praticá-la antes de, caso seja essa a sua vontade, se mudarem para o futebol.

Ricardo Gomes como exemplo
Ricardo Gomes, antigo capitão da selecção brasileira e actual treinador do FC Girondins de Bordeaux, é outro bom exemplo. Nascido no Rio de Janeiro, Ricardo começou muito jovem a jogar futsal, até que acabou por assinar por um dos emblemas de maior prestígio do país. "Eu era apaixonado pelo futsal e adorava jogar com os meus colegas", confidenciou ao uefa.com. "Quando tinha 12 anos, um olheiro do Fluminense FC observou-me e tentou convencer-me a jogar pela sua equipa. Resisti durante quatro ou cinco meses, porque jogava bem futsal e queria continuar, mas o Fluminense insistiu e acabei por ceder".

"O futsal ajudou-me"
Para o Fluminense, foi uma aposta ganha. Ricardo jogou durante seis temporadas no centro da defesa, antes de se mudar para o Benfica e, mais tarde, para o Paris Saint-Germain FC. Somou ainda 45 internacionalizações pela selecção do seu país. Mas Ricardo não duvida que os primeiros anos da carreira, passados nos ringues de futsal, ajudaram-no a desenvolver-se enquanto jogador. "O futebol é um desporto completamente diferente e quando mudei foi como começar do zero", afirmou. "Mas olhando para trás vejo que certos aspectos do futsal me ajudaram enquanto futebolista".

"Cada centímetro conta"
“No futsal, a técnica é o mais importante. Todos os centímetros contam e quando se faz um passe ou se embala com a bola tem de se ter em conta o 'timing' e a velocidade de execução, ou a jogada não resultará. No futebol, a margem de erro é maior e a vertente física é mais importante", continua o treinador do Bordéus, de 41 anos, que esta época conseguiu levar a sua equipa à fase de grupos da UEFA Champions League pela primeira vez desde a temporada de 199/2000.

Jogadores mais versáteis
Tal como a maioria dos defesas brasileiros, Ricardo combinava o poder físico com a boa capacidade técnica, qualidades que ele sente terem vindo do futsal. "Quando jogava futsal não era defesa", explica. "Mas aí todos os jogadores têm de jogar em todo o terreno, pelo que surgia no ataque, na ala esquerda, na ala direita e na defesa. É uma modalidade que promove a polivalência e ajuda os jogadores a tornarem-se mais versáteis. Se começares desde muito novo a jogar só futebol podes tornar-te num defesa muito sólido, mas nunca vais aprender a passar a bola ou a marcar um golo", explica.

Métodos diferentes
Se enquanto jogador Ricardo beneficiou com o facto de ter praticado futsal, o brasileiro garante que enquanto treinador os seus métodos são os convencionais. "Quando me iniciei como treinador já tinha passado na Europa mais de metade da minha carreira de jogador profissional, pelo que estava familiarizado com os métodos de treino europeus", refere. "No futsal há muita estratégia, mas não se pode comparar com o futebol. Ainda guardo excelentes memórias dos tempos em que jogava futsal, mas não creio que isso influencie os métodos que utilizo no Bordéus".

Robinho e Diego
Pode ser verdade que essa estratégia em menor escala não seja totalmente semelhante à usada nos treinos de futebol, mas a verdade é que os jogadores continuam a tirar tanto proveito das suas raízes no futsal como Ricardo tirou na geração anterior. Ainda esta semana Robinho, avançado do Real Madrid CF, despedaçou a defesa do FC Steaua Bucuresti com a sua famosa pedalada - passando os pés sobre a bola à medida que avançava no terreno - enquanto Diego, número 10 do Werder Bremen, mostrou toda a sua técnica e rapidez de execução frente ao PFC Levski Sofia.

"Agilidade e habilidade"
"O futsal ajudou-me muito", revelou Diego ao uefa.com, sem quaisquer dúvidas sobre o papel que esta modalidade teve na sua actual forma de jogar. "É muito bom para melhorar a velocidade e a habilidade com a bola. Obriga-nos a pensar mais depressa." Com as 16 melhores equipas da Europa e alguns dos melhores jogadores do mundo a correrem atrás da glória na Ronda de Elite da Taça UEFA Futsal, é tempo de todos os fãs do “jogo maravilhoso” ficarem a conhecer o que envolve o futsal.

Sem comentários: