agosto 19, 2007

FutMedia: Revelou-se o famoso Ardinário...

O proprietário de um quiosque da Figueira da Foz gere o negócio ao mesmo tempo que relata na internet a vivência diária do pequeno espaço e aposta na diversidade com entregas gratuitas de jornais ao domicílio.
Pedro Silva comprou há dois anos o quiosque da praça 8 de Maio, um dos espaços emblemáticos da cidade, realizando o sonho de vender jornais. “Acho que é por vocação, foi sempre qualquer coisa que quis ter, saber o que sai [nos jornais], todos os dias saem coisas diferentes. Não se fica rico mas dá para viver”, disse à Lusa.
Cedo apostou em estratégias para viabilizar o negócio, como as entregas ao domicílio, “sem demoras, frio, chuva, trânsito, sem falhas ou sem igual”, garante um cartaz, que reproduz uma primeira página de um jornal, afixado no quiosque. A iniciativa atraiu empresas, mas poucos particulares. “Acho que as pessoas gostam de vir ao quiosque. Ou então não aderem porque não compram jornais todos os dias”, diz o proprietário, que acaba por assumir a preferência pela deslocação dos clientes ao seu espaço. “Quem compra jornais leva sempre mais qualquer coisa”, acrescenta.
Pedro Silva entrega todas as manhãs vários jornais e revistas. Três cafés, uma pastelaria, uma notária e um contabilista incluem-se no grupo que recorre ao seu serviço de entregas, mas o maior cliente é a Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, onde, de segunda a sábado, o ardina deixa diariamente mais de uma dezena de publicações.
Um ano após a compra do ponto de venda, Pedro Silva criou um blogue – o ‘Diário de Um Quiosque’ – onde relata o dia-a-dia do espaço de seis metros quadrados. Num misto de ironia e humor, divulga os resultados das vendas, o dever e haver do negócio ou o relacionamento com empresas distribuidoras e clientes.
O blogue, onde Pedro Silva assume o alter-ego ‘Ardinário’ e cujos textos têm por base acontecimentos reais, é, igualmente, uma espécie de laboratório. Pedro Silva quer pôr em prática brevemente um projecto relacionado com os resultados da Liga de futebol, mas cujos detalhes preferiu não avançar.

UM PRODUTO ORIGINAL
O ‘Diário de Um Quiosque’ tem leitores assíduos, cerca uma centena, que não dispensam a leitura diária e que acompanharam, por exemplo, o ‘duelo’ de vendas entre o ‘Expresso’ e o ‘Sol’.
Compilar diariamente quadros estatísticos revela-se complicado para quem, aos 33 anos, possui um outro emprego fora das horas que passa na praça 08 de Maio. “Todos os dias não é fácil, já estive para desistir”, assume Pedro Silva. No entanto, mantém a iniciativa, seja pelas mensagens de apoio que recebe ou por acreditar que os dados são seguidos, atentamente, pelos gestores de empresas jornalísticas.

LEITORES MAIS VELHOS
O proprietário do quiosque da Figueira da Foz não faz questão de publicitar que o espaço possui um blogue – “não é por aí que as vendas aumentam ou deixam de aumentar”, refere –, mas sim outras preocupações. E uma delas é, precisamente, a idade avançada dos clientes habituais, que são cerca de 30 e que ali se deslocam todos os dias.
“Vão ficando mais velhotes e não há quem os substitua. Na faixa dos 20 aos 30 anos não tenho clientes, preocupa-me um bocadinho o futuro do negócio”, conclui Pedro Silva.

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