março 16, 2007

Media: Receitas dos grupos portugueses cresceram 3,6%

As receitas de exploração dos principais grupos de media em Portugal cresceram a uma média anual de 3,6%, entre 2001 e 2004, permitindo às empresas aproveitar este período para reduzir o endividamento, segundo dados de um estudo do Obercom.
O ritmo de expansão das receitas dos principais grupos de comunicação social em Portugal supera em cerca de 0,2 pontos percentuais o ritmo média anual nominal da economia portuguesa no mesmo período.
A análise do Observatório da Comunicação (Obercom) mostra que o início da década de 2000 foi «difícil para alguns grupos», mas os resultados operacionais das empresas de media analisadas - Media Capital, Impresa, grupo estatal (RTP), Investec Media (da Cofina) e Lusomundo Media (na altura ainda detida pela Portugal Telecom) - mostraram uma tendência de crescimento em todos os casos, excepto no da Lusomundo Media.
A maior parte dos grupos, acrescenta o estudo «Análise Económica e Financeira do Sector dos Media em Portugal», reduziu o seu nível de endividamento durante este período, com a Media Capital a passar de 100% em 2002 para 62,5% em 2005, e a Investec a reduzir de 79% em 2002 para 46% em 2005.
Nos primeiros anos da década os grupos de media apostaram mais na redução do endividamento do que em investir, tendo os activos de cada empresa observado uma diminuição média de 1,5% entre 2001 e 2005.
Para esta diminuição contribuíram sobretudo a Impresa, que reduziu os seus activos em 9,5%, e a Media Capital que diminuiu 2,6 por cento.
A Impresa apresentou, no entanto, um crescimento de 40% em 2005 face ao ano anterior.
De acordo com o Obercom, a rádio foi o sector dos media que sofreu mais com o abrandamento da actividade económica no início da década.
Em geral, as receitas de exploração da rádio decresceram em todos os grupos, refere o estudo, adiantando que algumas empresas apresentaram mesmo resultados operacionais negativos em alguns anos.
Em média as receitas diminuíram 4,34%, sendo que a Renascença foi a única empresa de rádio que melhorou o valor dos seus proveitos. Ainda assim, a RDP continuou a ser a empresa com maior facturação.
Todas as analisadas - Rádio Renascença, RDP, Rádio Notícias (TSF) e Media Capital Rádios (detentora da Comercial, Cidade FM, Rádio Clube, Best Rock) - reduziram o nível de endividamento, que, em geral, é bastante mais baixo do que nos outros sectores, segundo a análise.
Em termos de resultados líquidos, a evolução variou muito consoante a empresa.
A Renascença foi a única com uma tendência crescente e consistente, sendo que a Rádio Notícias só registou um mau ano em 2002, precisamente o único ano em que a RDP não apresentou uma quebra.
Para a Media Capital, a maior parte dos anos foram negativos, com uma má performance económica e financeira.
A imprensa, por seu lado, não mostrou ter sido muito afectada pelo abrandamento da actividade económica, diz o estudo do Obercom, sustentando que os activos e as receitas de exploração aumentaram a bom ritmo (cerca de 14% em ambos os casos) até 2004.
No entanto, e com excepção da Sojornal (Expresso e Jornal de Letras), este crescimento do investimento e dos proveitos não se reflectiu nos resultados operacionais. A maior parte das empresas optou por reduzir o nível de endividamento e viu reduzido os encargos financeiros, melhorando a sua solvabilidade financeira.
Na televisão, as empresas privadas (SIC e TVI) registaram uma melhoria substancial na parte operacional com o crescimento das receitas e dos resultados operacionais (excepto no caso da RTP). Apesar de a RTP ser a empresa de televisão com maior facturação, foram as privadas SIC e TVI que mais cresceram, sobretudo no caso da estação de Carnaxide que melhorou os seus proveitos em quase 12%.
Em termos financeiros, as empresas privadas decresceram o endividamento (a SIC passou de 90% em 2002 para 57 por cento em 2005), tendo em ambas os resultados de exploração coberto folgadamente os encargos financeiros. No geral, as televisões privadas melhoraram económica e financeiramente aumentado os seus resultados líquidos.
A RTP ainda registou problemas de exploração e um aumento ligeiro do endividamento nos primeiros anos da década, sendo que depois mostrou uma tendência de melhoria com a reestruturação que teve início em 2002.

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