Pokerstars pode patrocinar o Flamengo depois do River Plate. E em Portugal, nada?

O Flamengo guarda um ás na manga, literalmente. A Oi (telefones) saiu na frente na briga para ser patrocinadora do clube. A Nestlé aguarda a licitação do Maracanã para saber se o rubro-negro vai gerir o estádio com apoio de uma grande empresa internacional. Então, sim, ela investiria pesado. Enquanto isso, a manga da camisa deverá estampar um patrocínio inusitado para os padrões brasileiros: PokerStars, site com 15 milhões de participantes e líder de audiência na Internet com jogos de póquer e que já estampou sua marca nas mangas da camisa do River Plate, da Argentina.
O assunto ainda é tratado de forma sigilosa pelo departamento de marketing do clube, mas pessoas ligadas à diretoria já estariam em conversas para encaminhar as negociações que podem render até R$ 5 milhões ao clube (cerca de 1,7 milhões de euros). A empresa PokerStars usaria a manga da camisa como visibilidade para entrar de vez no mercado brasileiro, que cada vez mais engrossa a lista de jogadores e curiosos desse site internacional.
Ontem, as placas de publicidade da Petrobras foram retiradas do gramado da Gávea. Enquanto alguns coletes tiveram a marca da estatal coberta com fitas pretas, outros uniformes foram pintados, mas ainda deixavam o nome da empresa a vista, depois do rompimento de uma união de 25 anos. Amanhã, o time jogará com as camisas sem patrocínio e há o salário milionário do avançado Adriano para pagar.
A notícia original a partir da qual esta posta foi adaptada pode ser lida por esta via. Quanto a Portugal, a presença de empresas de apostas em publicidade estática nos estádios é algo que se tornou banal a partir do momento em que a Bwin foi a patrocinadora do campeonato sem que tenha surgido verdadeira oposição das entidades oficiais. Todavia, quando o Sp. Braga assinou um acordo de sponsorização com a Sportingbet, este foi bloqueado juridicamente pela Santa Casa da Misericórdia, que detém o exclusivo dos jogos de sorte e azar em Portugal. Na altura, não deu para entender. Nem dá. No caso em concreto, a PokerStars tem investido forte no mercado português, e o patrocínio da camisola ou apenas manga de um dos principais clubes, por exemplo, seria um veículo excelente para reforçar a massificação do poker, que tem tudo a ganhar com a associação ao futebol, dado serem mercados dirigidos ao mesmo público-alvo. No entanto, essa decisão colocaria igualmente questões do foro legal muito interessantes. Como o facto desta modalidade ainda não ser encarada como desporto, continuando a ser abrangida por uma lei restritiva que protege os monopólios. Algo tem de ser feito para que a prática recreativa de poker, fora de um casino, não seja sinónimo de risco de detenção, mas nenhum partido político dará o primeiro passo. Entretanto, e se os clubes de futebol em Portugal tivessem dois dedos de testa, se calhar eram eles que deviam estar a bater à porta das salas propondo acordos publicitários.