abril 14, 2005

Efervescência, sociologia, jarra, contactistas...


O FUTSÁBADO por diversas vezes defendeu as virtudes da magia da Liga dos Campeões em contraponto com a efervescência das competições internas. A ausência de excessos no número de infracções assinaladas contribui normalmente para um maior ritmo de jogo e, em sentido lato, para que o espectador tenha direito a mais futebol. No entanto, esta ronda dos quartos-de-final tem de deixar um sabor bem amargo a quem esteja atento. Sobre a violência nem vale a pena falar, dado que acarreta muito de sociológico. Todavia, a questão da competência arbitral tem de merecer rápida intervenção, de forma a que a própria Liga dos Campeões não saia desprestigiada. O penálti que deu o 4-2 ao Bayern em Londres dispensa comentários. O golo anulado ao Inter por Markus Merk não cabe na cabeça de ninguém. Agora, o facto mais grave foi mesmo o derrube de Gomes a Nilmar, provocando uma grande penalidade que dispensa repetições e que podia ter lançado o Lyon nas meias-finais da prova. Em que estava a pensar o senhor Kim Milton Nielsen? E o seu assistente que se encontrava a poucos metros do lance? Haverá uma jarra europeia para eles, ou serão premiados com a direcção de mais uma final? Cá estaremos para ver.
De resto, voltando ao primado do "futebol de contacto" que continua a ser apanágio de alguns, felizmente cada vez menos, ainda tivemos recentemente um exemplo de como Toñito volta a jogar a bola, no entender dos "contactistas", quase mandando para o hospital mais um colega de profissão. Na pré-época foi Derlei, desta vez Diego teve sorte. O árbitro não viu nada. Nem falta, nem jogo perigoso. E o lance passou-se na grande área. Depois uma mão lava a outra e Pedro Emanuel não foi expulso quando também o merecia. É a SuperLiga que temos. Parece impossível que ainda haja quem queira imitar entre conhecidos o que este futebol tem de pior...

PS: No espírito ideal de "fair-play", é inconcebível um lance como o que Cadú protagonizou no recente dérbi tripeiro. Seitaridis controlou com o corpo, no primeiro tempo, uma bola que ia sair tranquilamente pela linha de fundo. O defesa-central do Boavista, sem que o lance estivesse minimamente disputável, decide fazer um carrinho e varrer violentamente, pelas costas, o defesa grego do FC Porto, que é apanhado desprevenido e fica pelo chão. A Lei XII diz que actos de "brutalidade" ou de "conduta violenta" são motivo para expulsão. O International Board fez uma adenda à Lei, clarificando alguma dúvida que pudesse haver: "Um tacle por detrás que ponha em perigo a integridade física de um adversário deve ser sancionado como brutalidade".
Perante isto, que fez o árbitro internacional Paulo Costa? Limitou-se a chamar Cadú e a dizer-lhe para ter calma. Nem cartão amarelo exibiu. O lance foi esquecido e foi esse mesmo jogador que marcou o golo que desequilibrou a contenda. Sabem que mais? O futebol de contacto, quando são as pernas dos outros a sofrer, não custa mesmo nada. É mais ou menos como aquela analogia da pimenta no cú dos outros...